Lembrança da festa da primavera em 20 de setembro de 1959 com os alunos da professora Catarina Oliveira (Laborê) no povoado do Caldeirão
O primeiro professor a se estabelecer e ministrar aulas no antigo Raso – quando ainda era um pequeno arraial em formação, com sua igreja central, e ao seu redor, algumas poucas casas, formando assim um quadrado que conhecemos hoje como a Praça da Conceição – foi o Professor Pedro Ferreira Borges. Conforme consta no livro de Maura Mota, o ano de sua chegada foi em 1867. Era ele natural do Brejo do Tracupá, no município de Tucano.
A primeira turma criada no arraial era particular e os primeiros alunos matriculados eram em sua maioria os netos e bisnetos do fundador de Araci. Somente no ano de 1871, o Conselho Municipal da Instrução Pública da Vila de Tucano mandou admitir a matrícula de 27 alunos declaradamente pobres que seriam subvencionados à época pelo Governo da Província. Receberia, o referido Professor Borges, pelo ensino das primeiras letras às crianças do antigo Raso, a quantia de mil e quinhentos reis.
Algum tempo depois, o Professor Borges foi transferido para uma escola na Freguesia de Oliveiras dos Campinhos, ocupando o seu lugar Amerino de Oliveira Lima, que tinha sido seu aluno bastante destacado e que agora o substituía como Professor Leigo. No mês de dezembro de 1880 a Inspetoria Literária da Freguesia do Raso informava que tomava posse da cadeira de primeiras letras do sexo feminino a Professora Tarcilina Lucilla da Conceição Borges. Essa professora era filha do Professor Borges e lecionou até o ano de 1894, quando se transferiu para o arraial de Santa Luz.
Em 1894 foram nomeados dois novos professores, Olavo Alves Pinto, vindo da Vila de Conceição do Coité para ministrar aulas na turma do sexo masculino, e a Professora Maria Felicidade Conceição Freire, para a turma do sexo feminino. A professora Conceição Freire ficou aqui até o ano de 1897, sendo substituída por Teodolinda Carvalho Lima, professora leiga, que temporariamente ocupou o cargo até a nomeação em maio de 1898 da Professora Júlia Praxedes Pinto.
Depois de 13 anos lecionando, o professor Olavo foi substituído pela professora Barnarda Augusta Freire (Nadinha) que ficou apenas por dois anos. Em 1915, chega em Araci, vindo da cidade de Taperoá para assumir a vaga da referida professora, José Ferreira da Cunha e Silva. Foi ele quem fundou o primeiro jornal em Araci, o Correio de Noticias, além de manter na localidade um Internato chamado Jean Jaques Rousseau, que recebia não somente alunos locais como de algumas cidades vizinhas. Ficou em Araci até o ano de 1923 lecionando a turma do sexo masculino. Para a turma do sexo feminino, quem ocupou a função foi a Professora Amélia Mota (Milú), filha de Antônio Oliveira da Mota.
Sucederam ao Professor Ferreira da Cunha as Professoras Mafalda da Silva e Edite, que ficaram pouco tempo na função. No ano de 1925, foram elas substituídas pela professora Aura Ferreira da Silva, filha do Cel. Vicente Ferreira da Silva. A professora Aura lecionou por muitos anos, quando se aposentou em 1949. Até hoje é uma das mais lembradas pela memória daqueles que foram seus alunos, seja pela sua rigidez e normas quanto pela eficiência no ensino.
Com o crescimento da Vila, o quadro de professores também aumentava. Contribuíram ainda com a educação em Araci as professoras Deraldina Ferreira da Silva, Audatina Pinto Mota, Silvina Vasconcelos, Edite Vaz e Elvira Pinto Mota, que durante as décadas de 20 e 30 atuaram no ensino local. Depois, já no final dos anos 30, chegaram as professoras Eliza Pinheiro, Maria da Assunção Itaparica (Marieta) e Carmelita Itaparica.
Naquela época ainda não existiam prédios escolares em Araci e as aulas aconteciam em casas alugadas pela administração local. Muitas dessas casas eram as residências dos próprios professores, como a do professor Olavo e a casa do Cel. Vicente Ferreira da Silva, pai das professoras Deraldina e Aura, que durante muitas décadas também funcionou como escola. Essa casa do Coronel foi construída em estilo chalé, com sua frente triangular, quatro janelas frontais e porta na lateral. Ficava localizada na Praça da Conceição e foi demolida no inicio dos anos 70. Funcionou também como escola o prédio da antiga Prefeitura, que durante os anos em que Araci ficou sem autonomia política servia para diversos fins.
Somente em 1948 começaram a ser construídos dois prédios escolares em Araci, um na sede e outro na zona rural, em Pedra Alta, ambos na gestão do Ministro Anísio Teixeira. O prédio da sede é o atual Colégio Estadual Nossa Senhora das Graças, que só começou funcionar mesmo em 1949, com a nomeação da Professora Maria Edna Torres Pinho.
O ginásio só foi implantado em Araci no ano de 1964. Começou funcionando provisoriamente no prédio do Colégio Nossa Senhora das Graças até quando houve a inauguração oficial, em 1966, do prédio do Centro de Educação Municipal Oliveira Brito. Antes, em Araci, só existia o ensino primário, e quem desejasse avançar mais nos estudos, tinha que ir para Serrinha ou Feira de Santana.
(Arquivo Público do Estado da Bahia)
FONTES:
Arquivo Público da Bahia (APEB).
LIMA, Maura M. Carvalho. História de Araci,
Acervo do Professor Anatólio Oliveira.
SILVA, Ana Nery Carvalho. Memórias de Araci.
Texto: Pedro Juarez Pinheiro